O consumo hoje é uma das grandes marcas do neoliberalismo capitalista e também um dos grandes denunciadores de uma grande doença da cultura pós moderna que é a perversão do próprio sistema significada como a cultura do vazio. É interessante entender a dinâmica social humana como uma dinâmica perversa, pois a mesma se apodera da marca da lei e horizontaliza os padrões de relação, então pode-se dizer que vive-se um mundo regido pela bandeira do prazer, mundo esse que evidencia a efemeridade das coisas tão quanto das pessoas que nele habitam e coabitam suas necessidades.
Na ausência de uma base sólida as reações orientadas ao vinculo perdem o sentido e conseqüentemente a estrutura orientada pela lei poe-se ao chão. Na falta de um prol comum tornam-se possíveis os indivíduos universais e particulares orientados para si e regidos pela moral do entretenimento e se tudo pode, se todos podem ser qualquer coisa, se não existe um unidade fundada como pilar, então a nova lei se instala como não lei e neste pondo o grande “gozo” é parecer que é, já que a nada é permitido ser por tempo suficiente para funda o princípio ou lei moral.
Encontra-se ai um mundo perverso que em sua nova versão da realidade veste a bandeira do neoliberalismo introduzido com a grande lei fálica, lei essa pautada na transitoriedade do gozo, então não cabe mais ao indivíduo a busca pelo prazer, pois em sua inalcançável busca pela satisfação, acaba gozando sempre a própria estrutura perversa na cultura que se ergue a partir do vazio e neste ponto os vínculos se desfazem, as relações passam a se dar de maneira clientelista. O grande bem do consumo é o outro, outro este que se ordena imaginariamente sendo desprovido de forma e motivo, amorfo, resultado de uma ferida narcísica aberta em cada indivíduo universal e singular pelo vazio simbólico de um Grande-Outro.
Consumimos a tudo e a todos buscando suprir uma falta em que não nos é permitida
a dor, ou seja, “o poeta finge que sente, a dor que de veras sente”, mas esta dor não é estrutura no sujeito que luta em busca de um substituto para sua falta. A grande lei do consumo se baseia então num sintoma, ou melhor dizendo, o consumo é o grande sintoma da nossa cultura alucinada e esse desejo de consumo é a nós ordenado como um remédio para esta ferida que nos coloca a mercê de uma macroestrutura pela qual tomamos para nós as dores de um mundo “dodói”