A busca de uma relação entre consumismo e fracasso é de extrema importância para tentar compreender as dinâmicas sociais que movem as estruturas capitalistas da contemporaneidade. É através desse resultado que se pode determinar o caminhar de um nível de adequação de um grupo em uma comunidade estruturada como sociedade de consumo, que se entrelaça através de recursos de mais valia e permeiam inegavelmente todos os tipos de relação mensuráveis, isso não nos permite então, deixar de lado o poder da influência do consumo, não somente no desempenho escolar, mas também em toda a dimensão de uma cultura estruturada a partir do descarte.
Poder-se-ia então imaginar uma definição para uma cultura “Sociapitalista”, ou seja uma sociedade capitalista que manifesta uma condição patológica sociopata justificável no desejo do consumo, de um mal que a prióri poderia ser definido como o sucesso do fracassado. Importante, neste caso, não é, de fato, quem detêm o saber, pois nem sempre as pessoas que transmitem esse conhecimento são as reais produtoras do mesmo. Bauman também afirma que, os professores dotados das qualificações necessárias para ministrar esse conhecimento são mais notáveis pela sua ausência, mas ainda sim o vendem e naturalmente os consumidores adotam como prática, a aquisição desses bens variados, que englobam inúmeras vertentes e tendências, sejam elas pautadas em identidade moral ou intelectual assim como as outras, já bem delimitadas pela sociedade de consumo. Aquele que sabe ensinar, não o faz pelo fato de não possuir tempo para isso, pois geralmente está ocupado demais tentando transformar esse conhecimento em algo que literalmente possa gerar lucro, e consequentemente. que possa ser passível de consumo.
É benéfico para a sociedade e para o sistema econômico que os indivíduos de sucesso sejam consumistas, os estudantes de sucesso apenas serão profissionais de sucesso se e somente se os mesmos forem consumistas, o que remete a um questionamento epistemológico, o que são os estudantes de sucesso? São aqueles que aprendem ou aqueles que são eficientes na manufatura do aprendizado?
A partir do momento em que se é aprovado, naturalmente se pode pensar em algum tipo de teste, e que por mérito, foi decidido que o indivíduo tem capacidades e competências para realizar tal tarefa, isso é, sem exageros, uma troca em relação trabalhista, ou seja é consumo. Os futuros profissionais de sucesso são aqueles que conseguem consumir o aprendizado, são os fracassados, entretanto entranhados nessa lógica, só poderão obter algum sucesso se a eles for permitido um espaço para que se possa consumir aquilo que lhes foi ensinado, aquilo que possam fazer, e a partir daí se tornam reféns de sua própria sombra, pois são rodeados por uma ameaça constante de mudança, o que induz a uma preocupação exacerbada com o efémero, evidenciando a transitoriedade das relações apropriadamente denominada por Zygmunt Bauman, como a modernidade líquida.
Segundo Bauman “a educação continuada administrada pelo mercado não fornecerá aquilo de que a “economia” realmente precisa” o que remete a uma reflexão sobre o que pode ser considerado a falência (diga-se fracasso) da escola, é a partir desta evidência que se pode buscar uma “solução” para o problema, ou não, pois essa estrutura aparentemente se auto-sustenta pela regra e não pela exceção, e a partir do entendimento do dito sucesso do fracassado é que se poderia repensar de que forma o sistema educacional contemporâneo tem a contribuir, não mais adotando uma postura “pseudo-sólida” mas se adequando à tendência natural da constante evolução da cultura.
Agradecimentos ao responsavel pelo blog Pedra de Mármore (Renato de Morais) ,por ter me ajudado a construir essa ideia.