(Dá um desconto texto antigo, nessa época eu ainda engatinhava em psicanálise)
Seria possível afirmar que a humanidade se organiza de maneira perversa e conseqüentemente seria ela naturalmente desviante, quando são analisadas relações cotidianas entre pessoas, nota-se que suas relações são determinadas marcadamente pelo prazer. Freud mostra em seus trabalhos que tudo se baseia na gestão dos impulsos instintivos de sobrevivência, e quando comparados humanos e animais ditos inferiores, percebe-se que as relações humanas são realmente deformadas pois em situação normal os animais buscam, na maioria dos casos satisfazer seus impulsos da maneira mais “retilínea” possível. Podemos notar esse aspecto nos ritos de acasalamento e na dinâmica comportamental das espécies.
Naturalmente os animais se organizam de maneira tal que suas relações se limitam apenas ao ato de manter-se vivo e perpetuar a espécie, se analisarmos a relação de gênero, veremos que geralmente os indivíduos que realmente precisam marcar sua presença são os machos, pois são elas (as fêmeas) que possuem a real capacidade de procriar e por isso são seletivas, buscam sempre o mais apto à sobrevivência. Já ai podemos observar uma característica que se poderia chamar perversa, pois nós, os seres humanos, somos uma das poucas espécies senão a única a inverter os papeis na relação de gênero. Essa característica foi introduzida através da representação social aliada ao sedentarismo, então podemos entender que entre os seres humanos, as mulheres negam completamente a sua capacidade genitora em detrimento de sua necessidade (leia-se castração) de ser um homem ou no caso, adquirir o falo simbólico abrindo, mão da sua posição de seletora para uma consolidação de atitude subalterna.
Então podemos observar claramente que as relações são perversas em seres humanos, mas poderíamos nos manter nesse patamar comparando um ser de vasta complexidade sociocultural com animais ditos não racionais. Porém poderia então me arriscar a afirmar que não só a humanidade é naturalmente perversa como qualquer outro tipo de vida capaz de se organizar socialmente. Por Exemplo: alguns primatas, assim como nós possuem a capacidade de copular sem necessariamente estarem em período fértil (e o fazem), então nesse caso, pode-se dizer que existe ai um comportamento aflitivo/afiliativo, discriminando a existência de um desenvolvimento, mesmo que primitivo, de suas pulsões, que pode ser entendida ai com a ‘mãe’ de toda a subjetividade, no entanto, estes primatas também se apegam eventualmente à masturbação, então seria isso uma prova de que esses primatas possuem estruturação da libido, e que os mesmos são capazes de determinar um outro objeto, que não necessariamente o ato sexual propriamente dito? Então, diante dessa afirmação poderia ser dito que todo tipo de relação complexa sendo ela elaborada ou não possui traços perversos e que são comuns à animais que possuem a capacidade de formar sociedades estruturadas através de vínculos afiliativos/aflitivos, como alguns primatas.
Ao meu ver a perversão não é, de fato, um fator relativo ao desenvolvimento cognitivo e sim a caráter social, nossa sociedade se estrutura de maneira perversa, pois somos sedentários, assim como alguns primatas. A primeira vista, parece ser um conceito estúpido, porém se pararmos para analisar, a formação das estruturas sociais perversas, está intimamente ligada à representação social e conseqüentemente ao sedentarismo.
Partindo de um pressuposto de que animais solitários precisam se empenhar em permanecer vivos, a partir do momento em que se organizam, passam a demandar menos energia e menos tempo a essa tarefa, esse, o benefício da organização em grupos, permite a esses indivíduos utilizarem uma quantia maior de seu tempo para garantir que a manutenção das relações de grupo os mantenha unidos, e dessa forma são criados os vínculos afiliativos. Pode-se imaginar então que, os indivíduos não têm mais uma urgência em se manter alertas, e conseqüentemente não é mais tão necessária a apresentação de características facilitadoras da sobrevivência, ou seja, não mas se faz necessário o ritual de acasalamento voltado para a perpetuação da espécie. Colocamos então o raciocínio em um ponto crítico, pois não existindo mais a necessidade de encontrar obrigatoriamente uma parceira, o individuo macho pode passar a esperar que seja cortejado e em contrapartida a fêmea não mais precisa escolher apenas o mais forte e sim o que lhe parecer mais conveniente, com isso podemos notar que a relação dentro deste grupo se tornará baseada não mais na pura demanda de sobrevivência e se vinculará à relações de demandas outras.
E se pensarmos como seres capazes de se estruturar em grupos podemos cogitar a possibilidade destes seres assumirem representações semelhantes às representações humanas, como por exemplo a necessidade que os serem humanos possuem de possuir um marco de característica relevante (falo Simbólico). Podemos então, a partir desta breve discussão, identificar um começo de uma organização social e já se pode também esboçar uma noção de comportamento perverso naturalmente inserido pela organização social complexa que foi inflada em conseqüência do sedentarismo.
texto antigo? e agora com mais sabedoria?? quais serão as proximas obras?^^
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