É verdade que algumas de nossas palavras são hipocrisia, algumas das minhas de fato o são, para falar a verdade grande parte delas. Não tão diferentes de mim são os humanos e suas palavras doces são tão hipócritas quanto eles próprios, não me incluo neste grupo pois sou pior que eles, finjo ser minha a hipocrisia do mundo que nego ser minha afirmando ser de mundos distintos do meu.
Sabias palavras de um nobre colega que me fizeram pensar um pouco sobre ser alguém de fato. Um belo dia um amigo me criticou dizendo ter notado um discurso hipócrita na minha fala e de fato era, como ele mesmo colocou, perdi-me na crítica e adotei o lugar do hipócrita.
Estava tão certo, meu caro colega, que nem pude defender-me de minhas próprias acusações e elas, que eram minha arma contra a hipocrisia se tornaram em minhas próprias mãos meu sangue vermelho vivo mas nem tanto pulsante. Dúvidas cuspidas ao vento vagam em vão, mas não eram todas em vão, meu lugar de algoz é um lugar confortável para quem senta e tremendamente atraente para quem necessita, mas não tão dolorido para quem observa.
É perdendo as palavras que normalmente encontro sentidos, mas ultimamente eu tenho encontrado palavras demais para nenhum sentido, aqueles vários “eu” estão carentes de sentido e não de palavras. Discursos hipócritas penetram esse meu lugar de algoz, mas eles não são hipócritas são apenas apaixonados, temerosos de uma desilusão ou mesmo incinerados por alguma coisa que não se pode explicar, por que afinal de contas é um lugar não tão doloroso para quem observa.
Um colega me mostrou minhas palavras tortas, um amor me mostrou minhas palavras tortas, uma vida me mostrou minhas palavras tortas e eu espero que eu possa um dia mostrar a eles o sentido pelo qual continuo profanando minhas virtudes com palavras tortas