domingo, 1 de junho de 2008

Do meu dia de Ninguem

Então, cá estou eu decidido a originar algo, um algo um tanto vago eu presumo.

Estava eu a observar as pessoas, transeuntes distraídos, caminhantes em vias controladas por semáforos inteligentes. Engraçado que os sinais funcionam de uma maneira tal que iniciada uma contagem para a próxima parada se pode percorrer distâncias entre vários deles, todos alegremente verdes contando cada um seu tempo, cada um em seu tempo, cada tempo em seu lugar, cada tempo em seu próprio tempo.

Passear por uma via controlada, por esses silenciosos semáforos, é como caminhar no tempo e ao mesmo tempo fora dele e à medida que se passam os postes a contagem continua...

28, 27, 26 25, 30, 28, 27, 26, 28,27...

Vários tempos ao mesmo tempo e ao mesmo tempo, tempo nenhum, mas ele passa e passa para todos, mas não nas vias. Nessas vias eu não sou ninguém, pois sou o mesmo a cada contagem, pois sou o mesmo e os tempos são outros, sou igual a outros que ali transitam, que irão chegar a algum lugar assim como eu mas ali não estão em lugar algum, são nada mais que alguns vivendo mais um dos seus bem quistos dias de ninguém.

Um comentário:

  1. Era Platão que dizia que não se pode passar pelo mesmo rio duas vezes pois a pessoa não é mais a mesma e o rio também não é mais o mesmo? Não lembro...mas acredito que isso também ocorre durante o tempo do semáforo, embora você seja o mesmo, na medida em que o corpo ainda é o mesmo e os objetivos ainda são os mesmos (alcançar o ponto de chegada).
    Perfeito! :)

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