sexta-feira, 31 de julho de 2009

Expressão

Eu costumo me questionar, apesar de realmente não gostar de debater a política, sobre todas as coisas que vêm acontecendo principalmente no cenário político, brasileiro. Realmente não me interesso por politicagem gringa e se quiserem me chamar alienado, sou grato pela lembrança.
Uma coisa é de se pensar sobre tal questão, estamos vivendo uma período político conturbado, marcado por uma formação governista medíocre, e de uma esquerda de virilidade questionável. Observamos toda a dinâmica, todas as familiares falcatruas, corrupções, desentendimentos, e palhaçadas públicas, penso que isso sempre existiu, sempre irá existir e de fato é necessário e gostaria realmente que esse fosse o grande problema da gestão pública em nosso pais, pois de fato esse constitui-se como o menor deles. A parte receitas milionarias de um pais de dimensões continentais, que diga-se de passagem arranca de seus contribuintes uma fatia farta e sorridente de seu honrado suor, convivemos com uma politica assistencialista débil e uma cultura massificada da contravenção.
Nossa política é necessariamente produto de nossa própria concepção de estado, que diga-se de passagem não existe a talvez uns 40 anos, talvez tenha morrido junto com a bala que talvez tenha sido a figura marco na representação de um estado forte. A própria evolução da noção de estado, construída sob as bases neoliberalistas, formalizou a noção de um estado mínimo, agregada ao regimento de que, deve-se contemplar a população por sua noção de identidade e liberdade de escolha. Bem, até ai nada de mais, mas como podemos observar mesmo sem muita pespicacia, uma grande virada de mesa aconteceu recentemente no cenário político nacional, sabe-se lá como, a lógica neoliberalista, construiu-se como uma quimera, onde o valor da livre estada do cidadão metarmorfoseou numa noção deturpada que se apropria das mais toscas idéias acerca do corporativismo e sindicalismo, adiciona-se ai uma pitada de ausência de políticos fortes, temos exatamente a motivação nacional, baderna.
O que se poderia imaginar sobre um povo que, aparte aos próprios direitos, declama manifestações pura e simplesmente por deboche, pois é isso que de fato acontece, estou exatamente reduzindo a perspectiva para o lugar onde vivo, que ultimamente vem sendo agraciado de inúmeras fanfarras sindicalistas e corporativistas das mais variadas estirpes, motivados provavelmente pela coleção outono inverno, estão provocando o caos, sob a bandeira da defesa dos direitos trabalhistas na maioria dos casos dentro da ilegalidade. Não existe controle, já que cabe ao governo intervir, tanto de maneira administrativa como coercitiva, mas não podemos deixar de lembrar que não existe um governo, e também não se pode perder de vista o corporativismo, logo ocorrem movimentos, pois o governo não exerce função, que não são coibidos pois os poderes, corporativistas diga-se de passagem, regem a seus próprios interesses, sendo eles prejudicados tanto pela falta de atitude do governo como pela descrença da população, então tudo deixa de funcionar, pois se pensarmos em uma visão mais sistêmica, é assim mesmo.

Da necessidade do ser

Falo da necessidade do ser, ou de ser, é alo da forma que se faz iluminar quando nos é dado o favor de não sentir. Talvez escreva aqui sobre coisas sem sentido talvez até para mim mesmo, mas é justa essa necessidade, que não se pode negar, que não nos deixa devanear. Essa ansiedade, essa angustia, essa sede de servir a um propósito, seja ele qual foi, seja para quem for, seja apenas.
Eu me pergunto agora sobre esse tempo que espero passar, meio lento, enquanto escrevo essas palavras, não consigo de fato pensar de maneira sóbria, não consigo, e isso me é um pouco estranho, articular minhas ideias, que como já falei em outras, são tantas quantos eus eu puder criar. Algo me está cortando, algo que talvez eu não queira questionar, algo que me força a caminhar, mesmo que ainda me faltem pernas, mesmo que ainda me falte esperança, eu tenho esperança. Essa, quem sabe essa valsa, que é vida, comprime toda essa minha existência, num alucinado vácuo, ausência de ar, ausência de sabe-se lá o quê, apenas comprime, me distorce, me contorce, me mostra quem realmente sou, ou pelo menos quem deveria ser. Certo em minhas não tão não familiares dúvidas, estou necessariamente cobrindo a mim mesmo em determinâncias.
Nada de tempo pra pensar, como no compasso de uma peça, a cada barra, uma nova nota, a cada nota uma nova frase, a cada frase uma nova melodia, é frenético, é intenso, para mim é assustador.
A duvida, ela me conforta, não existe fim na duvida, é uma verdade universal, é um meio, é um lugar de ninguém para gente como eu, ninguém, é o lugar de comunhão onde nada, e afirmo com propriedade, onde nada, é seu ou de ninguém.
Mas me cabe a necessidade de existir, essa dúvida, que por tantas vezes me salvou da repulsa da humanidade, agora se faz tocada por uma urgência de ser, de existir, e eu me mostro pelos olhos vermelhos e cansados, olhos de quem não quer, e de fato não deve parar para pensar, pois esta vida de existência, é por demais assustadora.
Minha vida, nunca foi de amores, talvez nunca venha a ser, pois sou, um ser do nada. Luto para viver de escolhas, luto para viver de amores, luto para viver, mas no momento, estou apenas tentando existir.

terça-feira, 28 de julho de 2009

In-verso

As mãos cansadas tremem,

O corpo pede calma, a alma perde tempo,

A quem devemos reprovar,

A mente enferma, ainda inquieta,

Divaga num vasto eco disforme,

Inda que se atenha a uma dor enorme,

A voz calada, some,

Grito que irrompe vazio,

Calado, surdo, cansado,

Em que se deve confiar,

Se a mente fraca, é a voz calada,

As mãos tremulas já não questionam mais,

O tempo pede alma, e o corpo ainda perde a calma,

A voz inda calada contenta,

Divaga no verso, reverso, inverso

Inda que me atenha a uma dor tão branda,

Inda que me atenha a uma dor

Inda que me atenha a algo.

quinta-feira, 16 de julho de 2009

Uma trasferência

Certa vez uma colega me perguntou sobre a importância da transferência no processo de análise. Ela me questionava no sentido de que, segundo seu entendimento, a transferência deveria ser um fator dificultador do processo de análise, eu no momento, atordoado por razões que não me vêm a memória no memento disse, sem muitas explicações que o fenômeno da transferência é sim uma das condições sem a qual não pode existir a clinica em psicanálise.
Tenho isso como opinião própria, entretanto julgo valido tentar compartilhar com que seja interessado no assunto.
O fenômeno da transferência no processo analítico é, e digo com propriedade, a ferramenta pela qual se constrói a clinica. Para o entendimento deve-se pensar que, existe transferência em tudo, desde a interação entre analista e analisante até uma simples olhada desgostosa para uma poltrona velha largada no fundo da sala de estar. Fenômeno que foi chamado primeiramente por Freud, sendo amor transferencial pelo analista, se inscreve em cada relação onde necessariamente estará presento o sujeito.
A relação que liga o sujeito a um outro, engendra um percurso em que, há ai, uma relação discursiva entre um falante e um ouvinte, (lembrando que linguagem perpassa a simples expressão verbal da palavra) pois o laço que se forma em cada discurso compreende a noção de um movimento em sentido a um outro que é falante de si, e falado por seu semelhante. Essa ligação torna possível aquela velha coisinha que todos nós tempos e as mães fazem questão de vangloriar, a intuição.
Esta intuição, que prevê os acontecimentos, ao meu ver, é a expressão de que no laço transferencial existe esta tomada da fala do outro, que por talvez ironia, gera tal discurso a partir de uma instância que dentro de uma inabilidade do simbólico, agrega tal discurso ao valor de imagem.
Falando de imagem, me recordo sobre a grande sacada da clinica em psicanálise, primariamente pensado por Freud, se aprimorou em sua palavra através da leitura de Lacan. Esta, que é talvez agrande mãe da clinica psicanalítica, se deriva do conceito primário do amor transferencial, a ponto de se entender que, é necessário uma pequeno engano para que o discurso analítico aconteça. O que se chama suposto, é aquele que, como o próprio amor Lacaniano, é aquele que não é, não que isso seja uma injustiça ou uma malandragem, pois se constrói, e isso pode ser notado em todas as relações da vida cotidiana, a partir de uma demanda, esse engano se constrói a partir da relação imaginaria do discurso, que tende sempre a buscar um outro, na clinica esse outro, digamos que ele não faça questão de existir.
Se falarmos em discurso, o discurso do analista segundo a lógica Lacaniana, coloca o analista em uma posição em que a ele é suposto um saber, o saber do analista diga-se de passagem, é justamente o que de fato ele não é, pois este saber apenas lhe é conferido pela demanda do sujeito analisante, uma demanda imaginária, ou pode-se dizer a histerização do discurso. Então existe e é de fundamental importância que a transferência se instale em um processo analítico, pois o discurso histérico se dirige um mestre, imaginário que deve ser soberano, mas que não governe. Este contorno que ultrapassa os limites da relação analista analisante e dá forma ao que chamamos de fenômeno da associação livre, e sem a transferência acontecendo creio isso seria de fato impossível retirar a cura através da palavra.
Acredito que outras abordagens entendam que o terapeuta deve se colocar com um colaborador do processo terapêutico, e concordo até certo ponto que isso venha a desenvolver uma cura, mas devo relembras que, ao contrário do que rezam as críticas, a imparcialidade, do analista é uma ferramente que, efetivamente tem como objetivo livrar a condição de saber, pois seria no mínimo um erro não aceitar o fato de que existe um desejo na relação analista, analisante, que não é de ninguém por direito, essa fala que se perderia, carrega toda uma rede de significantes que, só poderiam ser desvendados através do discurso, que curiosamente só se constroi quando o sujeito, supõe um saber imaginário. Este supor quebra, aquilo que chamamos de repetição, trazendo os movimentos não percebidos do discurso, a uma ordem passivel de significação, pois é da ordem do simbólico que surge a cura.

terça-feira, 7 de julho de 2009

Atualização

Nem sempre as coisas acontecem do jeito que agente planeja, nem sempre a vida obedece aquele padrão sublime que nos ensinam todo santo dia. Viver essa vida cheia de contradições é no mínimo uma tarefa difícil, para mim, talvez um pouco mais, afinal de contas, como bom ninguém eu tenho não existir!
As infames teorias, as infames terias da psicologia de toda uma vida, ou mesmo aquelas aprisionadas nos livros, são uma confraternização de ideias ridículas, articuladas, muito bem diga-se de passagem para manter nós, as ovelhas, sempre atentas ao mundo, que por ironia continua a mesma coisa, que não seja por seus movimentos cósmicos.
Eu também quero fazer movimentos cósmicos! Depois de uma recentes acontecimentos "da vida" e de muita vontade de realmente entrar na ninguemdade, resolvi tentar fazer meus próprios movimentos cósmicos. Péssima idéia!
E eu fico me imaginando, se a nossa querida terra gira, em torno de si mesma, ela gira em busca de quê? Sua amiga lua que rodeia sem descanso tentando acalmar sua lamuria? O sol seu amado ponto de vida? o que será que promove esse movimento cósmico?
Essa resposta me foi dada por uma nuvem que passava sobre um ponto de ônibus qualquer, ela passou vagarosa e tristonha levada sem direção enquanto sua sombra rastejava pelo solo rachado de asfalto. Ela me disse sem palavras quando as primeiras gotas começaram a cair e derramar em meus óculos, ela sabia que eu lhe perguntava com todas as minhas forças e derramando suas lágrimas me contou o quanto é solitário velejar sem destino, observando sua amada terra de longe, apenas podendo lhe tocas com suas lágrimas. Sua sombra de pesar se arrastava, era uma lembrança, talvez uma esperança. Mas ela me disse, era inveja! Inveja daquelas que um dia beijaram as imponentes montanhas desse mundo!.
Com uma leve brisa fresca ele seguiu o caminho dela, e eu o meu, meu Deus, quanta semelhança!