segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Para quem janela for

Ele olhava aquela janela, era bela aquela janela, toda ela e aquela janela. Imaginava quais seriam os sonhos daquela janela, imaginava como seria essa vida na janela, os livros, bons e velhos livros, lhe mostravam quanto de mundo existia além daquela janela, era ela, aquela janela que o motivava.

Janela alegre, aberta, virada pra para o sol nascente, era quente, iluminada e se chovia era triste, desconsolada, era aquela janela que ele sempre via. Havia alguém nessa janela, alguém se olhava com tristeza para fora, alguém que não era ela, alguém que queria demais aquela janela, era triste ver aquela, quem um dia fora uma janela bela, sempre aberta para contemplar, havia se tornado um depositário de esperanças de ninguém, e ele pensava, era apenas uma janela, assim como livros são livros, mas em exclamação a um certo Deus, pessoas, essas são maiores que janelas, pessoas não passam por janelas, elas constroem janelas.

A sombra na janela negou, pulou a janela, ele, ainda surpreso, não olhou, não queria saber se a sombra havia virado sol, procurou nos livros, e a resposta, ela não estava lá, levantou-se e olhou aquela que era a tão contemplada janela, era bela, era completamente extasiante, mas era apenas uma janela. Olhando mais a frente, a sombra, ainda sombra, zanzava pelos campos, belos campos, além daquela janela triste, feia e pequena, vista de fora, aquela janela é uma prisão, de um quarto abafado cheio de livros e tensão, era de fato um lugar deplorável, era sombra tudo aquilo que ali repousava, mas a sombra, aquela que pulou a janela, ela não negava, não como negou a janela, continuava sombra e tentava construir sua janela, talvez, ele pensou, a sombra tenha percebido que não se pode viver sem as janelas, seria presunção demais um mundo sem janelas.

Um comentário:

  1. e é só no momento para meu amigo imaginário que escrevo, e aguardo para ver nessas linhas cada vez mais e mais beleza. um brinde a essa amizade de papel?

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