quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Sem título

As vezes a única coisa que a gente tem vontade é de deitar, as vezes o corpo físico só se sente confortável quando está deitado, inerte, não digo dormindo, digo deitado inerte. De olhos abertos, parado no tempo, perdido no tempo e no espaço mas ali, bem localizado, ali, em cima da cama, inerte, confortavelmente inerte.

As vezes eu penso que é estranho pensar como é prazeroso ficar ali, parado, apenas curtindo a simplicidade do não existir mesmo que por alguns minutos. Eu pessoalmente tenho medo dessa perspectiva, medo de que esses minutos virem dias e esses dias se tornem uma vida, medo também da possibilidade de que esses dias virem uma vida se torne uma proposta tentadora.

Nessas horas a gente começa a maquinar asneiras, de repente passa um pensamento pela cabeça “Ah eu poderia ficar aqui a minha vida inteira, é tão bom não existir” e logo em seguida “Por favor alguém me tire daqui!”. É contrasteante e é real, pois geralmente os motivos pelos quais o faz pensar em permanecer são os mesmos que o faz pedir ajuda, mas nem sempre funciona. Estando lá, confortavelmente inerte você acaba percebendo que para se manter inexistente é necessário quebrar os vínculos e ai começa uma agonia pois se percebe que não existem mais vínculos, pois essa tentativa de quebrar acaba se manifestando bem descaradamente como um pedido aflito de ajuda para quem quiser ouvir. Mas ninguém ouve por que estamos confortavelmente inertes e os vínculos, aqueles que realmente poderiam quebrar já não existem mais, não existe mais apelo, não existe mais devoção, apenas o deitar e não é atoa que o corpo físico só se sentir confortável quando está deitado, inerte.

As pessoas vivem da tristeza, as pessoas vivem da alegria, da morte ou da vida, agora tentem se imaginar viver do nada, é confortavelmente inerte.


quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Suposto saber é como voar, é só cair e errar.

Estava conversando com uma conhecida um certo dia sobre assuntos banais da escola, ela me dizia como escolhia suas matérias utilizando como critério não o horário mas sim o professor. Achei muito interessante, pois até então, nunca me atentei para o fato de que eu podia escolher quem iria ministrar ou administrar o saber, mas isso, se poderia dizer, é um caso aparte.
No desenrolar da conversa, e no explicar do que seria um bom professor surgiu uma expressão que se pode dizer curiosamente curiosa. Ao falar de um certo professor que tinha passado por sua história a conversa acabou passando por um tema da humildade, pois, segundo a analise da falante, o professor, ele sabia do que falava e mostrava a todos sem pudor, e ao mesmo tempo quando questionado por seus pupilos, tentava argumentar como a humildade de um aprendiz, buscando fazer do saber não um construto, mas sim uma construção.
“Ele tem um suposto saber, agente sabe que ele é fera, mas quando agente quer tirar uma dúvida, ele escuta e com um ar de humildade trás os argumentos que explicam ou elucidam a dúvida” Para tudo! Suposto saber, eu pensei, pode-se se pensar como o amor, é dar o que não se tem, melhor, é como diz Douglas Addams, em O guia do mochileiro das galáxias, é como voar, é só cair e errar!
Suposto saber, vamos entender, pela palavra, no seguinte sentido, um suposto saber, é algo que engana, ou algo que se engana, melhor que erra seu objetivo. Como na série de Douglas Addams, para voar é necessário cair e errar, a explicação parece a priori um tanto esdrúxula, mas partindo para uma analise mais sistêmica, cair e errar poderia se pensar em possibilidades, segundo a física, ou em permissões segundo a psicanélise.
Então vamos começar pela física, todo evento tem uma chance de acontecer, todo fenômeno é passível de não ocorrer, ou seja, é realmente possível uma pessoa atravessar as moléculas de uma parede sólida, basta que ela faça tentativas suficientes. Isso não é bobagem, é física contemporânea, então se por uma ironia do destino, melhor dezendo se existisse uma forma de restringir as possibilidades infinitas a um palpável de realidade, algumas pessoas realmente teriam a capacidade de voar. Mas a relação entre isso e o suposto saber, sim eu sei que não parece ter relação, mas pense comigo, cair e errar o chão significa dizer que a toda poderosa lei da gravidade são era tão poderosa assim, ou seja ela comete erros, isso identifica, segundo a paródia do vôo que se pode entender eventos “plenos” como sendo não tão plenos assim, a partir daí vamos pensar em permissão, que é o objetivo de explicar a comparação.
Cair significa sair de uma posição, puxado por algo que detém a força necessária para conduzir ao objetivo, no caso a queda. O chão é o inevitável, acho que ninguém conhece alguém que caiu de algum lugar e não teve uma conversa de pé de ouvido com o chão, o solo para os espertinhos, o objetivo da queda é o chão, todos nós sabemos disso, o chão é o mestre, ele é o detentor do saber, apenas esperamos dela, em queda, que seja suave, mesmo sabendo que ele, o chão, é sempre implacável. O mestre é do saber o detentor, e a ele seus alunos se dirigem apenas a espera do inevitável, se ele sabe eu vou aprender, mas o fato mais importante é que ele sabe. E se por algum motivo o chão abrir mão desse lugar de destino? E se ele abrir mão dessa posição de certeza?
Suposto saber é com cair e errar, você tem certeza de que vai cair, e o chão é o limite(perdoem o trocadilho), o impacto da queda, a dor do encontro com o inevitável o intrasponível, mas quando o chão abre mão desse lugar de certeza ele engana e é enganado, é proposital pois é certo que a dor do impacto irá chegar, mas o chão se diz ser a certeza do impacto, ele abre mão do lugar que lhe é de direito e permite ao, como posso dizer, em queda, fantasiar a respeito, pois aquele que lhe era o final, o inevitável não responde desse lugar, isso é suposto saber, minha colega tecia elogios para um professor que, deixava claro que sabia o que estava falando, ele era o chão, inevitável, ele era o sábio, o amado, aquele que a queda busca, mas ele abriu mão desse lugar de certeza para se colocar também no lugar de amante, o ouvir humilde, a argumentação suave, coloca o professor no lugar do chão, e ele abre mão desse lugar, é apenas um suposto chão, é apenas um suposto final, é apenas um suposto saber.

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

De quem não tem o que fazer

Estou aqui, sentado na frente de um pc da minha faculdade, lendo revista em quarinhos e fuçando o blogs na internet, de certa forma pensando, obviamente além da trama da revistinha, no que se pode entender com a trama dessa vidinha mais ou menos que agente tem.
Uma Revistinha aqui um trabalho ali, de quando em vez alguns palavrões de emputecimento, mas no geral é bem mais ou menos a nossa vida. Mas as varias perspectivas dessa vida mais ou menos me tentam a refletir sobre simplesmente nada, o texto é vago e esse é o objetivo, ser vago, mehor dizendo, esvaziado de sentido. Só tive curiosidade, motivado pela pura falta do que fazer, a escrever algo realmente pertinente a minha personalidade, vaga, lindamente vaga, que me permite, em horas sorrir, em horas chorar, e em horas ser literalmente vago, ao passo que você, lendo esse texto vai se perguntar o que tem a ver falta do que fazer ser vago? E a vaca verde?

Encerro minha reflexão com duas tópicas:

A vaca verde Voa de costas num lago cheio de sapatos nadadores esportivos!

O crônista é sensivel ao mundo, ele tem a capacidade de ver as verdades através da barreira do mundano!

domingo, 12 de outubro de 2008

Da Humanidade, Vaidade e perversão

(Dá um desconto texto antigo, nessa época eu ainda engatinhava em psicanálise)

Seria possível afirmar que a humanidade se organiza de maneira perversa e conseqüentemente seria ela naturalmente desviante, quando são analisadas relações cotidianas entre pessoas, nota-se que suas relações são determinadas marcadamente pelo prazer. Freud mostra em seus trabalhos que tudo se baseia na gestão dos impulsos instintivos de sobrevivência, e quando comparados humanos e animais ditos inferiores, percebe-se que as relações humanas são realmente deformadas pois em situação normal os animais buscam, na maioria dos casos satisfazer seus impulsos da maneira mais “retilínea” possível. Podemos notar esse aspecto nos ritos de acasalamento e na dinâmica comportamental das espécies.

Naturalmente os animais se organizam de maneira tal que suas relações se limitam apenas ao ato de manter-se vivo e perpetuar a espécie, se analisarmos a relação de gênero, veremos que geralmente os indivíduos que realmente precisam marcar sua presença são os machos, pois são elas (as fêmeas) que possuem a real capacidade de procriar e por isso são seletivas, buscam sempre o mais apto à sobrevivência. Já ai podemos observar uma característica que se poderia chamar perversa, pois nós, os seres humanos, somos uma das poucas espécies senão a única a inverter os papeis na relação de gênero. Essa característica foi introduzida através da representação social aliada ao sedentarismo, então podemos entender que entre os seres humanos, as mulheres negam completamente a sua capacidade genitora em detrimento de sua necessidade (leia-se castração) de ser um homem ou no caso, adquirir o falo simbólico abrindo, mão da sua posição de seletora para uma consolidação de atitude subalterna.

Então podemos observar claramente que as relações são perversas em seres humanos, mas poderíamos nos manter nesse patamar comparando um ser de vasta complexidade sociocultural com animais ditos não racionais. Porém poderia então me arriscar a afirmar que não só a humanidade é naturalmente perversa como qualquer outro tipo de vida capaz de se organizar socialmente. Por Exemplo: alguns primatas, assim como nós possuem a capacidade de copular sem necessariamente estarem em período fértil (e o fazem), então nesse caso, pode-se dizer que existe ai um comportamento aflitivo/afiliativo, discriminando a existência de um desenvolvimento, mesmo que primitivo, de suas pulsões, que pode ser entendida ai com a ‘mãe’ de toda a subjetividade, no entanto, estes primatas também se apegam eventualmente à masturbação, então seria isso uma prova de que esses primatas possuem estruturação da libido, e que os mesmos são capazes de determinar um outro objeto, que não necessariamente o ato sexual propriamente dito? Então, diante dessa afirmação poderia ser dito que todo tipo de relação complexa sendo ela elaborada ou não possui traços perversos e que são comuns à animais que possuem a capacidade de formar sociedades estruturadas através de vínculos afiliativos/aflitivos, como alguns primatas.

Ao meu ver a perversão não é, de fato, um fator relativo ao desenvolvimento cognitivo e sim a caráter social, nossa sociedade se estrutura de maneira perversa, pois somos sedentários, assim como alguns primatas. A primeira vista, parece ser um conceito estúpido, porém se pararmos para analisar, a formação das estruturas sociais perversas, está intimamente ligada à representação social e conseqüentemente ao sedentarismo.

Partindo de um pressuposto de que animais solitários precisam se empenhar em permanecer vivos, a partir do momento em que se organizam, passam a demandar menos energia e menos tempo a essa tarefa, esse, o benefício da organização em grupos, permite a esses indivíduos utilizarem uma quantia maior de seu tempo para garantir que a manutenção das relações de grupo os mantenha unidos, e dessa forma são criados os vínculos afiliativos. Pode-se imaginar então que, os indivíduos não têm mais uma urgência em se manter alertas, e conseqüentemente não é mais tão necessária a apresentação de características facilitadoras da sobrevivência, ou seja, não mas se faz necessário o ritual de acasalamento voltado para a perpetuação da espécie. Colocamos então o raciocínio em um ponto crítico, pois não existindo mais a necessidade de encontrar obrigatoriamente uma parceira, o individuo macho pode passar a esperar que seja cortejado e em contrapartida a fêmea não mais precisa escolher apenas o mais forte e sim o que lhe parecer mais conveniente, com isso podemos notar que a relação dentro deste grupo se tornará baseada não mais na pura demanda de sobrevivência e se vinculará à relações de demandas outras.

E se pensarmos como seres capazes de se estruturar em grupos podemos cogitar a possibilidade destes seres assumirem representações semelhantes às representações humanas, como por exemplo a necessidade que os serem humanos possuem de possuir um marco de característica relevante (falo Simbólico). Podemos então, a partir desta breve discussão, identificar um começo de uma organização social e já se pode também esboçar uma noção de comportamento perverso naturalmente inserido pela organização social complexa que foi inflada em conseqüência do sedentarismo.

Dos "Ésses"

Tá, tudo bem, tem tempo que eu não coloco nada aqui, mas é porque eu realmente ando meio desanimado com as coisas. Faculdade, responsabilidade, problemas, passional, racional e tantas outras complicações da vida e dos desertos, mas ainda sim escrever sobre esse grande sarcasmo cotidiano seria curioso, mas curioso a tal ponto que seria para mim e, obviamente, para quem lê, desgastante, ou pelo menos gozado.
Sim, e então esse escrito não tem um objetivo específico, até por que se tivesse não seria meu e além do mais as coisas sem sentido ultimamente têm sido meu objetivo de vida, ou de morte quem sabe. A grande importância da coisa é: não fazer sentido algum, por que a vida não carece de sentido e curiosamente a loucura não carece de sentido, então somos loucos, e seus problemas, incomunicáveis.
Como já dizia tio Jaquinho, "A loucura é um flerte com o sem sentido" e por sinal, nossos desertos são bastante carentes de sentido, então por que sentido, se na verdade essa coisa de S1, S2, S3 é realmente chata, porem necessária, afinal de contas a danada da cosia volta, e volta sempre quando o sentido vai embora. Alinhar os "Ésses" nos ajuda a cortar o elo do sem sentido, ou por melhor dizer, ajuda-nos a acalmar a coisa em sí e é por isso que de vez em quando agente acorda respirando aliviado por ter sido apenas um sonho e engraçado, agente acaba contado para alguém, "nossa tive um sonho tão louco que acordei e agradeci por esrtar de volta à realidade" e "pimba" a coisa morre, melhor dizendo a palavra mata a coisa e nós, aliviados do trauma de encontrar a verdadeira realidade, a do sem sentido, voltamos a alinhar nossos "Ésses" um atrás do outro, negando e sempre negando, a beleza da loucura do Coringa e do Batman.

Sabe qual é a grande sacada da loucura?
Sabe porque a loucura e o sem sentido nos provocam tanto fascínio e temor?

A loucura está CERTA, e ela SABE DISSO!

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Do Sucesso do Fracassado

A busca de uma relação entre consumismo e fracasso é de extrema importância para tentar compreender as dinâmicas sociais que movem as estruturas capitalistas da contemporaneidade. É através desse resultado que se pode determinar o caminhar de um nível de adequação de um grupo em uma comunidade estruturada como sociedade de consumo, que se entrelaça através de recursos de mais valia e permeiam inegavelmente todos os tipos de relação mensuráveis, isso não nos permite então, deixar de lado o poder da influência do consumo, não somente no desempenho escolar, mas também em toda a dimensão de uma cultura estruturada a partir do descarte.

Poder-se-ia então imaginar uma definição para uma cultura “Sociapitalista”, ou seja uma sociedade capitalista que manifesta uma condição patológica sociopata justificável no desejo do consumo, de um mal que a prióri poderia ser definido como o sucesso do fracassado. Importante, neste caso, não é, de fato, quem detêm o saber, pois nem sempre as pessoas que transmitem esse conhecimento são as reais produtoras do mesmo. Bauman também afirma que, os professores dotados das qualificações necessárias para ministrar esse conhecimento são mais notáveis pela sua ausência, mas ainda sim o vendem e naturalmente os consumidores adotam como prática, a aquisição desses bens variados, que englobam inúmeras vertentes e tendências, sejam elas pautadas em identidade moral ou intelectual assim como as outras, já bem delimitadas pela sociedade de consumo. Aquele que sabe ensinar, não o faz pelo fato de não possuir tempo para isso, pois geralmente está ocupado demais tentando transformar esse conhecimento em algo que literalmente possa gerar lucro, e consequentemente. que possa ser passível de consumo.

É benéfico para a sociedade e para o sistema econômico que os indivíduos de sucesso sejam consumistas, os estudantes de sucesso apenas serão profissionais de sucesso se e somente se os mesmos forem consumistas, o que remete a um questionamento epistemológico, o que são os estudantes de sucesso? São aqueles que aprendem ou aqueles que são eficientes na manufatura do aprendizado?

A partir do momento em que se é aprovado, naturalmente se pode pensar em algum tipo de teste, e que por mérito, foi decidido que o indivíduo tem capacidades e competências para realizar tal tarefa, isso é, sem exageros, uma troca em relação trabalhista, ou seja é consumo. Os futuros profissionais de sucesso são aqueles que conseguem consumir o aprendizado, são os fracassados, entretanto entranhados nessa lógica, só poderão obter algum sucesso se a eles for permitido um espaço para que se possa consumir aquilo que lhes foi ensinado, aquilo que possam fazer, e a partir daí se tornam reféns de sua própria sombra, pois são rodeados por uma ameaça constante de mudança, o que induz a uma preocupação exacerbada com o efémero, evidenciando a transitoriedade das relações apropriadamente denominada por Zygmunt Bauman, como a modernidade líquida.

Segundo Bauman “a educação continuada administrada pelo mercado não fornecerá aquilo de que a “economia” realmente precisa” o que remete a uma reflexão sobre o que pode ser considerado a falência (diga-se fracasso) da escola, é a partir desta evidência que se pode buscar uma “solução” para o problema, ou não, pois essa estrutura aparentemente se auto-sustenta pela regra e não pela exceção, e a partir do entendimento do dito sucesso do fracassado é que se poderia repensar de que forma o sistema educacional contemporâneo tem a contribuir, não mais adotando uma postura “pseudo-sólida” mas se adequando à tendência natural da constante evolução da cultura.

Agradecimentos ao responsavel pelo blog Pedra de Mármore (Renato de Morais) ,por ter me ajudado a construir essa ideia.

domingo, 24 de agosto de 2008

Do amigo ao mante.

A vida trás as coisas de maneira sutil, e ninguém nunca vê antes do tempo os cominhos a serem percorridos, é difícil não saber onde se encontra a próxima curva e literalmente, porém bem mais fácil, tentar encontrar o fim da estrada, são essas minhas controvérsias que me permitem refletir sobre “o quê” sou seu.
São palavras confusas, de pouca lógica e muita violência, pois cada tecla sofre o peso da contradição assim como eu, não, isso, prende a respiração buscando o ar que lhe falta. Lhe falta ar, lhe falta ar... E eu clamo a Deus que lhe falte a dor, que lhe falte o pranto, que lhe falte o ar e então que na agonia dos sem vida não lhe falte o amor.
Lembre que cada passo é dado em cada passo, e que é você, não, eu, não, nós é que decide o que lhe falta e mesmo que lhe falte o ar e mesmo que lhe falte a dor, e mesmo que lhe falte o pranto você terá sempre o amor, quando ou até quando a agonia dos sem vida lhe trouxer a paz.

Em holocusto ao bem viver!

quarta-feira, 25 de junho de 2008

Do lado de lá.

É verdade que algumas de nossas palavras são hipocrisia, algumas das minhas de fato o são, para falar a verdade grande parte delas. Não tão diferentes de mim são os humanos e suas palavras doces são tão hipócritas quanto eles próprios, não me incluo neste grupo pois sou pior que eles, finjo ser minha a hipocrisia do mundo que nego ser minha afirmando ser de mundos distintos do meu.

Sabias palavras de um nobre colega que me fizeram pensar um pouco sobre ser alguém de fato. Um belo dia um amigo me criticou dizendo ter notado um discurso hipócrita na minha fala e de fato era, como ele mesmo colocou, perdi-me na crítica e adotei o lugar do hipócrita.

Estava tão certo, meu caro colega, que nem pude defender-me de minhas próprias acusações e elas, que eram minha arma contra a hipocrisia se tornaram em minhas próprias mãos meu sangue vermelho vivo mas nem tanto pulsante. Dúvidas cuspidas ao vento vagam em vão, mas não eram todas em vão, meu lugar de algoz é um lugar confortável para quem senta e tremendamente atraente para quem necessita, mas não tão dolorido para quem observa.

É perdendo as palavras que normalmente encontro sentidos, mas ultimamente eu tenho encontrado palavras demais para nenhum sentido, aqueles vários “eu” estão carentes de sentido e não de palavras. Discursos hipócritas penetram esse meu lugar de algoz, mas eles não são hipócritas são apenas apaixonados, temerosos de uma desilusão ou mesmo incinerados por alguma coisa que não se pode explicar, por que afinal de contas é um lugar não tão doloroso para quem observa.

Um colega me mostrou minhas palavras tortas, um amor me mostrou minhas palavras tortas, uma vida me mostrou minhas palavras tortas e eu espero que eu possa um dia mostrar a eles o sentido pelo qual continuo profanando minhas virtudes com palavras tortas

quarta-feira, 18 de junho de 2008

Do meu Deserto

Nem sei por que escrevo, na verdade só escrevo pra me desfazer das dúvidas, e eventualmente colocar algumas dúvidas em alguém
parando para pensar é isso que me motiva a escrever mesmo entendendo mal a minha língua e sendo mal entendido como sempre. Então escrevo por algo, ou para algo, ou mesmo para alguém, um amigo imaginário talvez , ou vários, talvez um que escute as palavras escritas, talvez para que apenas critique, mas no fritar dos ovos eu escrevo. Nada de ideal ou senso de justiça ou coisa parecida minha ordem é caótica e carente de sentido, mas sou eu uma pessoa moralista, que não preza pelo principio da moral e ao mesmo tempo defende com pouca atitude a moral do saber. Construir em palavras as minhocas que habitam o meu pensamento é tarefa difícil para mim e para todos aqueles que habitam a mim mesmo, sejam eles o que quiserem quando quiserem ou em síntese como acharem melhor. Problema é que são muitos e todos eles pensam ao mesmo tempo, uns são racionais, outros abstraem o real, outros constroem outros, que constroem outros mundos, outros “eu”, a maior parte deles é ninguém, mas todos eles pensam, pensam como eu e na maioria dos casos discordam de minha opinião, pensam como Freud e na maioria dos casos discordam de minha opinião, pensam como Sócrates e na maioria dos casos eu chego a conclusão que não se posso concordar comigo mesmo, mas todos eles pensam, e como pensam. Todos esse “eu” brigam por um espaço pra expor sua arte, sua guerra, sua crítica, sua fúria e todos eles lutam para aplacar sua solidão, eu os criei a minha imagem e semelhança e eles cresceram, evoluíram e agora vivem seus desertos da prova, sedentos por saber o que espera-os a seguir. Eu espero que eles possam me ensinar alguma coisa!

segunda-feira, 2 de junho de 2008

Do faz de conta!

Era uma vez... Bem, na verdade não era vez nenhuma por que se realmente fosse a vez de alguém essa seria a minha vez, pois eu iria contar a estória não querendo ser chato mas já sendo crítico para quê diabos as pessoas contam estórias?

Estava lendo uns blogs pela rede, coisa que eu nunca me imaginei fazendo, até por que é pura falta do que fazer, algumas narrativas muitas delas boas outras, nem tanto mas o interessante é que são narrativas, ou seja, contadas estórias de ninguém. Não existe fim nem começo nesses contos apenas aquilo que o autor imaginou, bela tarde de verão sentia o vento em seu cabelo e coisas do gênero.

Bem talvez eu esteja comentando pura e simplesmente pelo fato de que eu não possuo tal habilidade, para falar a verdade sou um péssimo contador de estórias e na verdade invejo aqueles que o fazem, mas ainda sim me atendo ao tema. Por favor completem suas estórias, e o leitor me pergunta mas o que tem demais em escrever um fragmento de uma narrativa apenas para exercitar a mente e eu respondo, leia o post anterior, “Do real” para ser mais específico. “O quê??”

Pois é, então conte uma estória e corra o risco de se deixar envolver por algo pelo qual você tanto se defende, a grande graça da coisa é que hoje em dia poucos terminam suas estórias tudo passa muito rápido, talvez seja apenas um piscar de olhos o lapso que separa o indivíduo da defasagem e na ânsia de viver acabamos nos permitindo negar o tempo, por quê ele passa muito mais rápido do que se pode acompanhar então somos obrigados a trocar, não importa o que mas troque, troque tudo, sua roupa, seu celular, seu/sua namorado(a), sua vida seu trabalho, seus ideais, e também... suas estórias!

Curioso, antigamente as pessoas viviam em busca da vida após a morte e regidas pela ética do dever cumpriam suas tarefas, demandas sagradas a elas incumbidas pelo próprio divino. Nesse tempo, as pessoas viviam em função da boa morte e acreditavam poder viver eternamente após a sua contribuição no mundo dos “polegares opositores”*, mas hoje, bem hoje as pessoas são eternas, ou não, mas se não forem pelo menos tentam ser, então o que será que tem haver isso tudo com estórias em blogs?

As pessoas não são eternas, na verdade elas deixam esse mundo até bem rápido então o que fazer? Tentam viver eternamente e intensamente, condensam todas as vivencias em uma vida só, traduzindo para português. Por quê não fazer tantas coisas eu puder em vez de uma coisa só até onde puder? Ai a coisa fica interessante, pois os contadores de estórias de blogs caem como uma luva, nuca se prendem a um tema assim como as pessoas nunca se prendem a nada e o sabor do recomeçar não existe nesses casos acho eu, partindo do pré-suporto de que precisamos acabar algo para recomeçar, então cada estória do contador de estórias é apenas um começo, começo esse que não chega a ter um fim frustrante, pois em nossos tempos alucinados é perda de tempo ficar frustrado, alguém vai pensar antes de você na próxima estória, então deixa essa ai e parte para uma próxima, o personagem do conto anterior, bem, ele é passado.

Concluindo, são estórias sem fim, assim como somos pessoas sem fim, originadas de começos e apenas começos incompletos. A nós não nos cabe o direito da falta pois a falta é a fraqueza e fraqueza é passado, passado é tempo e o tempo anda, não ele voa e ultimamente não estamos tendo tempo de curtir nem nossas próprias histórias então escrevem-se estórias de cada um, de cada um de nós, de cada ninguém como alguém que não é e que precisa parecer que é!

*Falarei dos polegares posteriormente!

domingo, 1 de junho de 2008

Do meu dia de Ninguem

Então, cá estou eu decidido a originar algo, um algo um tanto vago eu presumo.

Estava eu a observar as pessoas, transeuntes distraídos, caminhantes em vias controladas por semáforos inteligentes. Engraçado que os sinais funcionam de uma maneira tal que iniciada uma contagem para a próxima parada se pode percorrer distâncias entre vários deles, todos alegremente verdes contando cada um seu tempo, cada um em seu tempo, cada tempo em seu lugar, cada tempo em seu próprio tempo.

Passear por uma via controlada, por esses silenciosos semáforos, é como caminhar no tempo e ao mesmo tempo fora dele e à medida que se passam os postes a contagem continua...

28, 27, 26 25, 30, 28, 27, 26, 28,27...

Vários tempos ao mesmo tempo e ao mesmo tempo, tempo nenhum, mas ele passa e passa para todos, mas não nas vias. Nessas vias eu não sou ninguém, pois sou o mesmo a cada contagem, pois sou o mesmo e os tempos são outros, sou igual a outros que ali transitam, que irão chegar a algum lugar assim como eu mas ali não estão em lugar algum, são nada mais que alguns vivendo mais um dos seus bem quistos dias de ninguém.

sexta-feira, 30 de maio de 2008

Deus


Tentando entender os princípios da vida
Tentando entender a mim mesmo
Eu criei o mundo para ser a imagem de mim mesmo, da minha mente

Todos estes conceitos, todas estas duvidas e esperanças
ao redor
Eu tomei para fora para formar uma nova raça
Um novo jeito de ser
E agora eu sou uma multidão, tão grande

Tão extenso quanto eu já fosse
Ainda, ao mesmo tempo
Tão pequeno e mais vulnerável

Eles todos carregam pedaços da totalidade
Juntos eles se transformam em mim
Eu
vejo eles agirem, desenvolverem
Eu vejo eles pegarem diferentes caminhos
Tanto onde eles pensam variadamente
Crentes dos diferentes caminhos, e diferentes deuses

Eu penso que eles vão me ensinar alguma coisa

-Trecho da Musica Deus Nova de um grupo chamado Pain of salvation

Notas de um Ninguém assim como eu.

Do Real

O consumo hoje é uma das grandes marcas do neoliberalismo capitalista e também um dos grandes denunciadores de uma grande doença da cultura pós moderna que é a perversão do próprio sistema significada como a cultura do vazio. É interessante entender a dinâmica social humana como uma dinâmica perversa, pois a mesma se apodera da marca da lei e horizontaliza os padrões de relação, então pode-se dizer que vive-se um mundo regido pela bandeira do prazer, mundo esse que evidencia a efemeridade das coisas tão quanto das pessoas que nele habitam e coabitam suas necessidades.

Na ausência de uma base sólida as reações orientadas ao vinculo perdem o sentido e conseqüentemente a estrutura orientada pela lei poe-se ao chão. Na falta de um prol comum tornam-se possíveis os indivíduos universais e particulares orientados para si e regidos pela moral do entretenimento e se tudo pode, se todos podem ser qualquer coisa, se não existe um unidade fundada como pilar, então a nova lei se instala como não lei e neste pondo o grande “gozo” é parecer que é, já que a nada é permitido ser por tempo suficiente para funda o princípio ou lei moral.

Encontra-se ai um mundo perverso que em sua nova versão da realidade veste a bandeira do neoliberalismo introduzido com a grande lei fálica, lei essa pautada na transitoriedade do gozo, então não cabe mais ao indivíduo a busca pelo prazer, pois em sua inalcançável busca pela satisfação, acaba gozando sempre a própria estrutura perversa na cultura que se ergue a partir do vazio e neste ponto os vínculos se desfazem, as relações passam a se dar de maneira clientelista. O grande bem do consumo é o outro, outro este que se ordena imaginariamente sendo desprovido de forma e motivo, amorfo, resultado de uma ferida narcísica aberta em cada indivíduo universal e singular pelo vazio simbólico de um Grande-Outro.

Consumimos a tudo e a todos buscando suprir uma falta em que não nos é permitida

a dor, ou seja, “o poeta finge que sente, a dor que de veras sente”, mas esta dor não é estrutura no sujeito que luta em busca de um substituto para sua falta. A grande lei do consumo se baseia então num sintoma, ou melhor dizendo, o consumo é o grande sintoma da nossa cultura alucinada e esse desejo de consumo é a nós ordenado como um remédio para esta ferida que nos coloca a mercê de uma macroestrutura pela qual tomamos para nós as dores de um mundo “dodói”

quinta-feira, 29 de maio de 2008

Do seu amigo imaginário!

Então deveria eu inaugurar este espaço com uma frase que julgo ser de bastante importância para a minha construção como Bloggeiro, individuo orientado vergonhosamente para dentro, motivado pura e simplesmente pela vontade de ter um amigo imaginário, um desses tipos que se pode espernear idéias, desenhar sentimentos ou mesmo pedir encarecidamente que escute Besteirol!..
“Meus pensamentos voam e minhas palavras, bem, digamos que elas rastejam por ai”
Escrever para quem?
Com que finalidade?
Na realidade escrever é um saco!.
Curiosamente me senti seduzido pela idéia de ter um amigo imaginário que inicialmente batizei como “papel” e ai pensei, que bom eu posso conversar com o papel as minhas desventuras e enrascadas pelas idéias, então pensei eu poderia colocar isso na rede para que as outras pessoas vejam, bem então eu poderia ser o amigo virtual de alguém, que assim como eu brinca de chamar o papel de amigo imaginário ou coisa parecida.
A grande verdade é que não me é necessário ou mesmo cabível colocar-me em posição de julgamento de meus próprios atos, sendo eles irrelevantes na construção desta reflexão, que no cair das suas águas não passa de uma ladainha retórica baseada na minha inexperiência com as palavras, palavras estas que me fogem ao léxico quando me perco em minhas analises “antropometapsicoleigas” das coisas banais.
-Então para que diabos um Blog?
-Então diabos para que um Blog?
-Então diabos para que a pergunta?